A safra 2023/24 de soja registrou, até o momento, dois casos de ferrugem-asiática em lavoura comercial. As ocorrências foram identificadas em Tocantins, nos municípios de Formoso do Araguaia e Lagoa da Confusão.
No entanto, o Consórcio Antiferrugem já teve 21 reportes da doença em soja voluntária, sendo 19 deles nos três estados do Sul do país. Os outros dois foram em São Paulo.
O coordenador estadual do projeto Grãos Sustentáveis do Instituto de Desenvolvimento do Paraná (IDR-Paraná), Edivan José Possamai, lembra que o principal dano causado pela doença é a desfolha precoce, impedindo a completa formação dos grãos, com consequente redução dos rendimentos da cultura.
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Segundo ele, dois fatores devem levar a doença da soja mais cedo ao Sul do país do que em safras anteriores:
- Inverno ameno: este ano, a estação não trouxe geadas fortes, o que beneficiou o desenvolvimento da soja “guaxa” (plantas que nascem espontaneamente), sobretudo onde o vazio sanitário da soja não foi realizado com rigor, o que garantiu a sobrevivência da doença em plantas espontâneas;
- O clima: o El Niño aumenta a ocorrência de chuvas e umidade, condição ideal para o desenvolvimento da doença.
Como prevenir a ferrugem-asiática?
O manejo da ferrugem-asiática está ancorado em três estratégias, de acordo com a Embrapa:
- Uso de cultivares com genes de resistência;
- Vazio sanitário e calendarização da semeadura da soja
- Uso de fungicidas
Segundo o pesquisador da Embrapa Soja Maurício Meyer, as semeaduras tardias podem receber populações do fungo já no início do desenvolvimento da lavoura, o que exige a antecipação do uso de fungicidas e demanda maior número de aplicações, o que é preocupante.
“Quanto maior o número de aplicações, maior a exposição do fungo aos fungicidas e maior a chance de acelerar o processo de seleção de populações resistentes a esses fungicidas”, reforça Meyer.
De acordo com ele, apesar da contribuição dos fungicidas, a redução da eficiência dos produtos disponíveis no mercado vem sendo observada desde a safra 2007/08 em função da adaptação do fungo.
“Segundo a indústria química, não há perspectiva de novos princípios ativos de fungicidas nos próximos anos. Por isso, a aplicação dessas medidas restritivas se faz necessária enquanto não houver uma solução definitiva para o problema”, reforça.
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