O delegado da Polícia Civil, Rodrigo Baptista de Souza, contou detalhes sobre a operação que investiga os procedimentos realizados nos pacientes de uma clínica sem autorização para operar em Toledo, no oeste do Paraná.
De acordo com a autoridade policial, as vítimas submetidas aos tratamentos desconheciam quais medicamentos eram aplicados nelas.
As diligências dos policiais evoluíram durante quarenta dias e culminaram na expedição de um mandado de busca e apreensão, com a retenção de ampolas de químicos e seringas.
No município, tramitam três inquéritos contra o casal proprietário. Rodrigo Baptista exemplificou um dos casos ocorrido em 2022. Naquele ano, uma vítima sofreu queimaduras na barriga enquanto passava pelo procedimento estético, contando com a aplicação de cerca de cem injeções, as quais não se sabe qual era o conteúdo do medicamento.
(Na imagem, as lesões sofridas pela vítima da clínica sediada em Toledo - Foto: Reprodução/Polícia Civil).
"Os valores variavam de R$ 20 mil até R$ 36 mil e, quando a vítima tentava desistir, principalmente por conta da família perceber que se tratavam de estelionatários, eles não queriam devolver o dinheiro", comenta o delegado da Polícia Civil.
Investigados Mentiam Ser Médicos
Durante o interrogatório, os dois investigados negaram qualquer tipo de aplicação na clínica e apresentaram uma documentação de formação de terapia holística de 2003 - a maior parte desses procedimentos carece de comprovação científica.
A autenticidade do certificado será verificada pela Polícia Civil. A proprietária usava um jaleco, passando-se por especialista, no entanto a mulher não tem pós-graduação reconhecida pelo Ministério da Educação (MEC).
O carimbo utilizado pela suspeita também a identificava como biomédica, porém, segundo a investigação da Polícia Civil, ela também não tem essa formação. O número indicado no carimbo pertence a outro biomédico.
No jaleco, a suspeita utilizava o número do Conselho Regional de Terapeutas (CRT), mas a letra ‘T’ era ocultada na tentativa de enganar as vítimas, passando-se por uma profissional formada em medicina, curso em que os profissionais regulares estão registrados no Conselho Regional de Medicina (CRM).
Busca e Apreensão
A Polícia Civil solicitou o auxílio da Vigilância Sanitária para acompanhar as buscas na clínica. Os agentes da vigilância emitiram um auto de infração devido a três transgressões por parte dos investigados.
Ainda e 2022, de acordo com o delegado, a proprietária assinou um documento em que alegava não aplicar medicamentos injetáveis, no entanto ela foi contestada pelos pacientes, os quais apresentaram uma versão diferente. Todas as vítimas, na maioria idosas, afirmaram que eram aplicadas injeções no estabelecimento.
Prática Reincidente
A Polícia Civil descobriu que anos antes, em 2018 e 2020, o casal proprietário do estabelecimento já havia praticado os procedimentos irregulares, sem qualquer tipo de qualificação e autorização dos órgãos reguladores.
À época, os tratamentos foram realizados em Marechal Cândido Rondon e Palotina, ambos municípios localizados no oeste do Paraná. Os suspeitos responderam por estelionato, exercício ilegal de medicina e lesão corporal - crimes pelos quais os suspeitos são autuados nesta nova investigação.
Próximos Passos
Os suspeitos ainda não foram presos, pois as evidências coletadas não são suficientes para a expedição dos mandados de prisão preventiva.
No entanto, o delegado acredita que, em breve, outras vítimas comparecerão na delegacia para prestar depoimento, desencadeando novos desdobramentos e revelando outros possíveis crimes cometidos pelo casal.
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