Dois gravadores de voo, popularmente conhecidos como caixas-pretas, do avião bimotor ATR-72, que caiu no interior de São Paulo, na última sexta-feira (09), foram transferidos para o Laboratório de Leitura e Análise de Dados de Gravadores de Voo (LABDATA) do CENIPA, em Brasília (DF), na manhã deste sábado (10).
Segundo a Força Aérea Brasileira (FAB), por meio do Centro de Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos (CENIPA), os trabalhos preliminares de preparação, extração e degravação de dados do Cockpit Voice Recorder (CVR - gravador de voz da cabine) e o Flight Data Recorder (FDR - gravador de dados de voo) foram iniciados pelos investigadores e devem prosseguir, de maneira ininterrupta, pelas próximas horas.
Após a conclusão da Ação Inicial, em Vinhedo (SP), a investigação avançará para a fase de Análise de Dados. Neste estágio, serão examinadas as atividades relacionadas ao voo, o ambiente operacional e os fatores humanos, bem como um estudo pormenorizado de componentes, equipamentos, sistemas, infraestrutura, entre outros.
De acordo com o CENIPA, há intenção e previsão de divulgar, no prazo estimado de 30 dias, o relatório preliminar do acidente aeronáutico.
Origem das caixas-pretas
Obrigatórias na maioria dos aviões em aviões, as caixas pretas foram inventadas, segundo a Reuters, ainda em 1950 pelo australiano David Warren. Ela mantém gravadores a fim de identificar as causas de acidentes e, assim, ajudar na prevenção deles.
As caixas-pretas não são realmente pretas. Elas são pintadas de laranja, uma cor que pode ser vista à distância, debaixo da água e no meio escombros e, desta forma, facilitar nas buscas.
Depois de encontradas, o que acontece?
Após o resgate das caixas-pretas, técnicos retiram o material de proteção e limpam cuidadosamente as conexões para garantir que não se apaguem acidentalmente os dados.
Depois, o arquivo de áudio e demais dados devem ser baixados para uma plataforma segura onde ficam copiados. Mas ainda é preciso decodificar os arquivos brutos e produzir gráficos que poderão, assim, ser lidos pelos investigadores.
Há também uma análise cuidadosa de sons e ruídos captados, que podem apontar irregularidades e até mesmo explosões.
Elas sempre foram desse jeito?
Não. As caixas-pretas atuais guardam as informações em memórias do tipo SSD (Solid-State Memory), um substituto do HD bastante comum em computadores. No entanto, os primeiros dispositivos guardavam – bastante menos informações – em conexões de fios ou chapas metálicas.
As gravações ficam protegidas dentro de um revestimento capaz de resistir mais de 3,4 mil vezes a força da gravidade durante a queda.
Mas então por que não revestir todo o avião com esse material?
Porque seria impossível alçar voo. Segundo o Museu Smitshonian do Ar e do Espaço, a maior parte das caixas-pretas são envoltas em aço, um sólido bastante resistente, mas também pesado.
Fazer um avião inteiro de aço o faria pesar muito mais e seria difícil voar. Os aviões são feitos de alumínio, que é mais leve, e são reforçados em torno de uma estrutura de aço e titânio.
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