A administração da sociedade brasileira está se tornando cada vez mais difícil pela perda de protagonismo do Poder Executivo desde o início do segundo governo da presidenta Dilma. Para reeleger-se, deu um inacreditável salto “triplo twist carpado” que terminou com a nomeação de Joaquim Levy para o Ministério da Fazenda com a missão de executar o programa de Aécio Neves.
O mesmo que ela havia demonizado na campanha eleitoral. Isso deixou confusos os que lhe haviam dado seu voto de confiança e que a abandonaram quase instantaneamente. Elegeu-se com pouco mais de um terço dos votos. Em poucas semanas foram reduzidos a um décimo. Perdida no redemoinho que causara, inicia uma intervenção absolutamente fracassada na eleição do presidente da Câmara.
Uma vez derrotada, teve de enfrentar um “festival de loucura cívica” da Câmara dos Deputados que lhe impôs uma série de derrotas. Somadas a alguns desvios de função que em condições normais de temperatura e pressão não teriam maior importância, levaram ao seu impeachment quando mal completara um terço do seu segundo mandato.
A posse de Michel Temer parecia ter mudado a situação. Um evento inesperado, entretanto, revelou a grandeza da desestruturação da organização política. A crise expôs uma multiplicação de centros autônomos de poder arbitrário, cuja domesticação será muito difícil, porque pode ser confundida com um ataque à Operação Lava Jato.
Sempre temos insistido que a Lava Jato é um ponto de inflexão na história do País pela exposição do incesto entre agentes do governo e empresários privados. Ela pode ter produzido alguma perturbação de curto prazo na atividade econômica.
A longo prazo, entretanto, se soubermos punir os empresários e, ao mesmo tempo, salvar – com acordos de leniência – as empresas que são as verdadeiras detentoras da expertiseda construção da infraestrutura, que é um patrimônio nacional, ela acelerará, permanentemente, o desenvolvimento. Ao contrário do que se pensa, a Lava Jato será tanto mais forte quanto menores forem os abusos de poder.
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