Com 74 jogos à frente da seleção brasileira, Tite vai enfrentar pela quarta e quinta vez adversários africanos desde que assumiu o cargo, há seis anos. Na sexta, o Brasil faz amistoso contra Gana, às 15h30 (de Brasília), em Le Havre, na França. Depois, na próxima terça, o rival será a Tunísia, no mesmo horário, em Paris, no estádio do PSG.
Apesar de reconhecida demanda reprimida de jogos contra europeus, tema recorrente dentro da CBF e em entrevistas do treinador, o aproveitamento do Brasil com Tite contra africanos é o pior na comparação com todos demais continentes.
Foram apenas três jogos, com uma vitória, contra Camarões, em 2018, depois da Copa, e dois empates - os primeiros na história da Seleção contra africanos. O aproveitamento na era Tite é de 55% - veja todas informações nas imagens abaixo.
As igualdades vieram na sequência de cinco jogos sem vitória da seleção brasileira após a conquista da Copa América em 2019. Foram empates contra Colômbia, Senegal e Nigéria e duas derrotas - para o Peru e para a Argentina. Todos foram jogos amistosos.
Em novembro de 2018, o Brasil venceu Camarões por 1 a 0, gol de Richarlison. Depois, 1 a 1 e 2 a 2 diante de senegalenses e nigerianos, respectivamente. Partidas duras, na qual o Brasil sentiu dificuldades para criação de jogadas e em alguns momentos sofreu com contra-ataques velozes. Como no lance de Sadio Mané, então companheiro de Roberto Firmino no Liverpool. O senegalês sofreu pênalti depois de passar por Daniel Alves e Marquinhos na partida de Singapura.
– Da minha passagem aqui, é a segunda vez que jogamos contra a escola africana, e é a segunda vez que temos dificuldade. Foi assim contra Camarões também. São equipes que procuram contato, trazem compactação, bola aérea forte. E a gente está ainda encontrando a melhor forma de jogar contra as equipes africanas - dizia Tite, após o empate contra Senegal.
A seleção brasileira vai enfrentar Gana pela quinta vez na história. Venceu todas as quatro partidas disputadas. Foram três amistosos e um duelo em Copa (2006)
Campeã mundial sub-20 em 2009
Embora as escolas sejam diferentes, a ideia da seleção brasileira de enfrentar adversários africanos é simular, até certo ponto, a partida contra Camarões na Copa do Mundo, a terceira da primeira fase. No grupo que tem Uruguai, Coreia do Sul e Portugal, Gana pode cruzar com o Brasil logo nas oitavas de final caso as duas seleções se classifiquem da fase de grupos.
Historicamente, Gana é uma das maiores forças do futebol africano. São quatro títulos da Copa Africana de Nações (a última delas faz tempo, foi em 1982), um campeonato mundial sub-20 (conquistado em cima do Brasil nos pênaltis em 2009, contra uma geração brasileira que tinha Douglas Costa, Giuliano e Alex Teixeira) e um vice para a Argentina na categoria.
O país da África Ocidental vai para sua quarta Copa do Mundo - a melhor colocação foi em 2010, quando perderam para o Uruguai nos pênaltis. O jogo é aquele memorável em que Luis Suárez impediu o gol dos ganeses com a mão e depois os africanos perderam a penalidade máxima. O jornalista ganês Benedict Owusu, da rádio Asaase, contou, porém, que a expectativa não é das melhores diante da péssima campanha na Copa Africana de Nações.
- Hoje, não temos muita confiança na nossa seleção para a Copa do Mundo. Na última Copa das Nações Africanas, Gana teve a sua pior participação em sua história. Mas agora estão montando elenco com bons jogadores, como Inaki Williams (atacante do Atlético de Bilbao da Espanha), Tariq Lamptey (lateral-direito do Brighton da Inglaterra) e outros que trocaram de nacionalidade para fazer parte do time. Tem o brilho do capitão Andre Ayew (Al-Sadd do Catar), de Kudus Mohammed, que está muito bem no Ajax. Assim como Thomas Partey (Arsenal), que Otto Addo fez encaixar muito bem para tirar o melhor dele - destacou o jornalista de Gana.
- Hoje, estamos de pé, mas se você olhar o grupo com Portugal, Uruguai e Coreia do Sul, é uma chave muito dura. Será muito difícil para a Gana passar da fase de grupos.
Dono do canal “África Mamba” no Youtube, o jornalista Luis Fernando Filho destaca as características das equipes que têm 30 posições de distância entre elas no ranking da Fifa - a Tunísia, que caiu nas oitavas de final na Copa Africana de Nações, está em 30º lugar, a terceira melhor ranqueada da África. Gana, 60ª do ranking Fifa, somou apenas um ponto na fase de grupos da competição continental e trocou de treinador recentemente.
– Gana e Tunísia são de escolas africanas bem distintas. A nível competitivo, o Brasil teve uma boa escolha na data Fifa. Enquanto os ganeses oferecem uma forma de jogo ofensiva e que vai exigir o comprometimento defensivo maior dos laterais da seleção, os tunisianos exigirão uma “paciência tática” dos brasileiros no momento ofensivo. A Tunísia tem um dos melhores sistemas defensivos do futebol africano atualmente – comentou o jornalista, que tem também o podcast "Ponta de Lança", dedicado ao futebol africano.
Novo técnico em Gana
Auxiliar técnico de Tite, Cleber Xavier espera Gana num 4-3-3. O técnico é novo, Otto Addo, de 47 anos, ex-jogador da seleção, que estava no banco de Gana na derrota para o Brasil por 3 a 0 na Copa de 2006. Outro destaque da equipe é o atacante Jordan Ayew, do Crystal Palace, irmão do capital Andre Ayew e jogador do time do americano John Textor, investidor do Botafogo.
Na história, a seleção brasileira enfrentou 37 vezes seleções africanas - foram 34 vitórias, com dois empates e uma derrota. Justamente para Camarões, adversária da primeira fase da Copa 2022. A vitória de Camarões foi em 2003, na Copa das Confederações
– É a maior incógnita entre todas as seleções africanas no Mundial. É um elenco repleto de mudanças e uma ala jovem despontando como o caso de Mohammed Kudus, de 22 anos. Porém, as "Estrelas Negras" contarão com grandes reforços para a Copa do Mundo e que devem estrear contra o Brasil: Iñaki Willians e Tariq Lamptey, jogadores que escolheram se naturalizar pelo país ao invés de atuarem por Espanha e Inglaterra, respectivamente - lembrou o jornalista do canal "África Mamba".
A Tunísia vem de quatro partidas com três vitórias - com duas goleadas, 4 a 0 contra Guiné Equatorial na classificatória do torneio continental, 3 a 0 no Japão e vitória por 2 a 0 sobre o Chile, as últimas duas partidas na data Fifa de junho.
Contra a Tunísia, será o segundo duelo. Em 1973, o Brasil marcou 4 a 1 em amistoso na Tunísia. Eram outros tempos. Hoje, os "Águias", como é conhecida a seleção que disputou as copas de 1978, 1998, 2002, 2006 e 2018, tem até apelido de "italianos da África" pela organização do sistema defensivo.
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