Essa reportagem pode provocar gatilhos.
Maria estava no treino do próprio time quando ouviu de um superior as agressões que mudariam sua vida: "O preparador de goleiras disse que eu devia ser uma cavala sentando e que a buce***** devia ser bem branquinha."
A atacante - de nome real preservado, assim como todas as citadas ao longo desta reportagem - reportou o ocorrido ao vice-presidente do clube, mas foi mandada esquecer.
"Era uma brincadeira", disse o dirigente, que em seguida puniu a atleta, colocando-a para treinar em horários separados do grupo.
Quem foi ouvida?
O levantamento inédito, detalhado a seguir, ouviu 209 mulheres atletas entre clubes de todo o Brasil, participantes das três divisões do Campeonato Brasileiro Feminino - A1, A2 e A3.
E Maria, aos 28 anos, está longe de ser a única nessa história. Seu agressor? Foi promovido a supervisor menos de um mês depois.
Ao longo dos últimos meses e com a garantia do anonimato, jogadoras responderam questões sobre assédio, preconceito, discriminação e sexualidade, revelando os bastidores de histórias marcadas pela luta daquelas que buscam vencer na vida por meio do futebol no Brasil.
Só por ser mulher e atleta, Maria ouve ofensas das torcidas, já teve a sexualidade questionada por jogar futebol, e conta que sofreu assédio sexual, moral e também viu o mesmo acontecer com outras jogadoras.
A quilômetros de distância, ainda que não se conheçam, todas essas mulheres carregam histórias marcadas por sonhos e dores.
Caroline, de 22 anos, esperava encontrar problemas para realizar o desejo de ser atleta. Só não imaginava que viveria agressões dentro de seu próprio ambiente de trabalho. A zagueira estava no treino quando o técnico do time em que jogava tentou beijar ela e outras meninas à força.
E assim como Caroline, 52,1% das 209 jogadoras ouvidas neste levantamento relatam terem sofrido algum tipo de assédio no futebol, seja sexual ou moral.
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